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segunda-feira, 22 de setembro de 2014
descrição de concreto armado 0
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Resposta corrosão da armadura #2
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
concreto_armado - CORROSÃO DA ARMADURA #2
então eu lembrei do texto só que morre pode dizer, que havia escrito no início de janeiro de 2014 e postado no blog. eu li o texto para as meninas. e é curioso: ele parece a coisa mais sincera de todas. a coisa mais sincera sobre esse jogo que inventamos: de por meio do teatro nos fazermos de mortos para falar da vida massacrada.
assim, fomos percebendo: o que é concreto armado?
teve copa. o que não teve foi peça de teatro, obra.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
concreto_armado - CORROSÃO DA ARMADURA #1
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sábado, 21 de junho de 2014
depois de tudo já terminado...
depois ultrapasso a dúvida e penso: por que não escrever no blog de concreto armado toda essa coisa que me toma e me impede alguma chegada?
o processo continua em mim, feito máquina de moer carne (e também ossos). como é difícil olhar o caminho percorrido, agora, depois de tudo já terminado. percebo que tudo acaba e tudo continua. e que é esse o jogo mais cruel e sensato: a vida continua.
depois penso - e começo a realmente perceber - que a dor é minha e não é de mais ninguém. existe uma cobrança imensa que eu trouxe a mim quando na verdade, talvez, eu tivesse que ter deixado ela simplesmente passar por mim, por este projeto... eu não sei. precisou e ainda se está precisando de tempo.
tenho a terrível sensação que o desejo - hoje - é capaz de ferir e cansar, o desejo é essa força que revoluciona e que agrega, mas também é a força capaz de gastar e torturar. que cansaço esse processo de criação. que abismo imenso. quantas tentativa e quanta - ainda - irresolução. ok. eu penso agora: mas havia algo a ser resolvido? não, não havia... mas a cobrança do mundo nos confronta com a poesia crua e ingênua das nossas intuições e desejos mais primitivos: era só uma peça de teatro. devia ter sido apenas isso.
mas para onde a levei? eu, um dos inúmeros criadores deste projeto?
eu não sei. ao menos, agora, desejo me juntar novamente para tocar no impossível com mãos mais calejada e íntimo absurdamente mais ciente do buraco no qual nos lançamos.
domingo, 20 de abril de 2014
sábado, 22 de março de 2014
CONCRETO ARMADO estreia no Festival de Curitiba
Na próxima semana, dias 26 e 27 de março, quarta e quinta às 21h, o Teatro Inominável estreia seu novo espetáculo na Mostra 2014 do Festival de Curitiba. CONCRETO ARMADO apresenta o drama de uma professora da pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo, interpretada pela atriz Marina Vianna. Junto a uma turma de alunos (Adassa Martins, Andrêas Gatto, Caroline Helena, Flávia Naves, Gunnar Borges e Laura Nielsen), a professora investiga a reforma e a preservação do Estádio Mário Filho - Maracanã - durante a Copa do Mundo de 2014, na cidade do Rio de Janeiro.
Após a estreia no Festival, o espetáculo realiza a estreia carioca na quinta-feira 03 de abril de 2014, iniciando temporada no Teatro de Arena do Espaço Sesc (Rua Domingos Ferreira, 160 - Copacabana). A temporada se estende até o dia 27 de abril, de quinta a sábado às 20h30 e aos domingos, 19h.
Confira matéria recente da jornalista e crítica de teatro Luciana Romagnolli, publicada no Jornal Gazeta do Povo, de Curitiba/PR: http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?id=1453947
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terça-feira, 18 de março de 2014
processar o processo
não faz sentido sentar agora, 00h25, para escrever sobre o processo. a questão é que o processo de criação se faz em processo e assim também é com a compreensão de todas as coisas.
concreto armado está se anunciando. se há tempo, se está no tempo, não importa. lutamos diariamente para deixar mais claro e evidente aquilo que nem sabemos ainda, mas que já está ali, faz muito tempo, em forma bruta e anuviada.
a performance volta. ela sempre volta. não se brinca com isso e se tira o assunto da roda. eu deveria saber disso, mas é o processo. quando afirmo isso não tiro de mim alguma responsabilidade. está tudo dado, mas com o tempo, o tempo em tentativa consegue ser melhor olhado, com alguma distância que não o olho colado nas mãos em tentação.
hoje, agora, se olho para tudo isso, vejo clarezas irrevogáveis (e como tudo deliberado, como tudo que é categórico e pragmático) e, portanto, sempre e de novo, mais uma vez, questionáveis.
há só perguntas.
linhas narrativas. com quantas linhas e com quantos tipos de linhas se constrói um corpo, uma dramaturgia, do corpo, da revelação, das palavras e da cena? muitas linhas. de muitas qualidades distintas.
concreto armado reúne vozes para dizer o indizível. reúne corpo em gesto e ação expressivas para dar conta do impossível. afinal, quando foi que falar desses assuntos seria algo simples, claro, retilíneo?
temos o drama acontecendo lá onde só o drama pode fazer acontecer alguma coisa. afeto. drama aqui enquanto transformação. nenhuma cena começa sem, ao seu término, ter movido seus atuantes.
temos as imagens mudas, secas de voz, mas carregadas de presença. imagens que anunciam o drama, que o desdobram, que o complementam. imagens são espaços abertos, sugestivos, pedem ao espectador que se mire o conjunto e lhe atribua olhar, tato, sentido sensível.
temos o romance. oh, romance. por que demorei tanto a trazê-lo ao colo? o romance sobrevive enquanto odisséia épica que narra com as suas qualidades específicas aquilo que vemos sem matéria, os sentimentos todos que morrem quando se tenta expressá-los.
o que é, então, a poética de concreto armado?
polifonia sonho. tudo rachado. a unidade está nos cacos que cada fissura costura.
muitas vozes, muitos corpos, em arranjos delicados e frágeis, porque não querem representar o belo animal, querem apenas trazer à mostra, à cena, ao outro (que nos vê e lê), o nosso estado humano fissurado, cortado e ao mesmo tempo costurado por tanta impermanência, tanto desejo de morte e de vida.
aqui, só palavras. na cena e fora dela, arranjos possíveis para dizer do impossível que só mesmo o homem é capaz de criar.
hoje foi dito por marina: construir árvores. não há gesto mais concreto e mais emblemático do que este: ser a confusão das formas que tentam, cada qual a sua maneira, nos consertar.
vamos construir árvores. assim como vamos construir cenas. um gesto artificial que busca atingir a dimensão viva do organismo vivo que só vive hoje porque o convocamos à cena.
paradoxo do comediante hoje e de novo, sempre, outra vez;
…
quarta-feira, 12 de março de 2014
Roteiro de Cenas - Concreto Armado (Teatro)
1A - Glória e Paolo
1C - Manuela, Antonisia e Alexandre
2B - Riane e Virgília
2C - Alexandre e Antonísia
2D - Glória e Paolo
3A - Pesquisa - Maracanã
4B - Alexandre e Glória
5B - Pesquisa Bic Reificação
6B - Pesquisa - Concreto Fissurado + Virgília
6C - Riane e Virgília
segunda-feira, 10 de março de 2014
NA MORTE DE UM COMBATENTE DA PAZ - bertold brecht
Aquele que não cedeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não cedeu.
A boca do que preveniu
Está cheia de terra.
A aventura sangrenta
Começa.
O túmulo do amigo da paz
É pisoteado por batalhões.
Então a luta foi em vão?
Quando é abatido o que não lutou só
O inimigo
Ainda não venceu.
sexta-feira, 7 de março de 2014
Rubricas Cena 2 - Guerra
Todos de pé, sem necessariamente mirarem-se nos olhos. Os olhos são sempre as últimas partes do corpo a enxergar. Depois que se morre, os olhos sobrevivem um tempo feito bola de bilhar, opacos e fechados, demoram a se corroer e a fissurar. Em morte, demora-se tempo longo até voltar a enxergar. A consciência de quem morre volta sempre através das pontas dos dedos, facilmente carcomidas, pela primeira pele, já exposta e ferida. Eles se erguem, machucados e mortos.
Rubricas Cena 1 - Sacrifício
Os corpos produzem espasmos. Como gritos finos e contínuos, ou bruscos e interrompidos, não há harmonia. A morte desconhece organização e é linda, mesma em desarranjo. Mais um espasmo. Um lá, outro cá. Os corpos mortos estão nascendo de novo ou, melhor, estão sendo abraçados pela morte.
De súbito, Glória se ergue e permanece ereta, recém-desafogada. Inerte, mira a frente que tem tudo e mesmo tendo tudo não tem nada.
GLÓRIA
é bom demais
para ser verdade
…
Paolo conversa com ela, mesmo sem olhar nos olhos. Talvez ele se aproxime, mas não consiga acessar o dentro de seus olhos. Ele sabe, é que depois que se morre, o corpo volta primeiro como discurso, como texto, como vômito de tudo que se disse de mais importante, tempos antes de morrer. Eles conversam. Glória mais acelerada, Paolo ligeiramente apaziguado.
Os corpos no chão, eventualmente, como araras, mexem nas penas machucadas, espasmam-se. É a morte ganhando vida enquanto gesto defectível, gesto inominável, ruído, ranhura.
Glória vai ao chão. O corpo não aguenta mais o furor dos desejos interrompidos. Paolo mira um corpo que sobe abrupto. É Virgília, é também Riane, é outro encontro que se refaz acelerado, como se porque tenha sido realmente inesquecível.
VIRGÍLIA
desculpa
uma pergunta
…
Os olhos não acompanham a velocidade da fala que salta. Talvez por isso pareçam distantes, lá longe, como fossem olhos olhando o acontecimento que hoje sobrevive apenas na memória. Elas se reencontram, mesmo sem estarem olhando - necessariamente - uma para a outra. Quem as costura é o desejo, sobrevivido em palavras.
…
VIRGÍLIA
não exagera
Riane volta ao chão (RIANE - …) e de súbito de novo emerge.
VIRGÍLIA
tá querendo saber mais o quê
sobre o curso?
Paolo caminha entre os amigos e ergue o corpo latente e doído de quem, hoje ele sabe, de quem ele deveria um dia ter pedido um abraço. Manuela de pé surge aos gritos com Antonisia, que ainda em espasmos, vai surgindo desmanchada e imprecisa.
MANUELA
boicote, antonisia
boicote
...
Discursos na velocidade de luz. Que salta entre as duas mirando-as em escuridão e claridade. Alexandre salta da cova para dentro do mundo.
…
ALEXANDRE
licença, rapidinho
cês são a professora manuela?
…
Todos os corpos vão ao chão, exceto o de Paolo, que com alguma curiosidade, vê nos amigos a morte se espraiando. Luz azul iluminando a noite que acorda.
Rubricas Prólogo - Solstício
quinta-feira, 6 de março de 2014
Poema do Romance Teatro
Se eu pudesse escrever um longo poema
capaz de abraçar todo o mundo
Um poema de muitas línguas
feito por mãos distintas
que não só as minhas
Se eu pudesse escrever um poema
e nele pudesse transformar
estrofe em abrigo
verso em abraço
e rima em beijo
preciso e ritmado
Se eu pudesse escrever
um só poema
e nele fosse possível
devolver o medo
a cada peito
e a dúvida
a cada resposta dada
Se eu pudesse escrever poema
não como remédio
mas como sintoma
de que esse mal estar
faz parte do nosso corpo
faz parte desse tempo
e é
e sempre será
responsabilidade nossa
Se eu pudesse escrever a vida
sem segredos
e se eu pudesse com tantas linhas
e versos
ir costurando o corpo apartado
ir cosendo de volta
o preto
no branco
com o vermelho
fazendo rosa escuro e claro
Se eu pudesse um poema
para conviver a diferença
Poema lágrima
que desespera
e acalenta
Poema morte
que germinasse
de volta
as cinzas
a cada vento
Se eu pudesse escrever um longo poema
desses
Ele sem dúvida alguma
seria um romance
e se chamaria Teatro.
segunda-feira, 3 de março de 2014
manuelina
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Descrição de paisagem
1 interna - arquitetura óssea, sanguínea, muscular, orgânica
2 "real" - o que vejo diante dos meus olhos, o "espaço"
3 a descrição do estádio maracanã (formas, números, texturas, cores, etc)
4 descrição da memória daquele teatro, lembrar (localizar no espaço) cenários, acontecimentos ficcionais, atores
5 a descrição da rua, do entorno urbano, engenharia do trânsito, números de linhas de ônibus, lambe-lambes, nomes de lojas, etc
6 descrição de lugares com nomes indígenas
7 a paisagem em ruína
por marina,
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Glorinha (Maria da Glória)
Por Laura Nielsen
Experiências que me abriram o olhar e me proporcionaram uma tomada de consciência:
- Aos 10 anos, por ser uma criança muito bagunceira e conversar muito durante as aulas, fui punida. A coordenadora do Colégio São Vicente, onde eu estudava, me trocou de turma. Fui separada das minhas amigas e caí numa sala onde não conhecia ninguém, e todos me olhavam com desconfiança. Sofri demais!! Acho que pela primeira vez na vida me senti completamente solitária e inadequada. O sentimento de injustiça também foi enorme.
- Morte da minha avó. Acho que eu tinha uns 13 anos. Vi ela definhando de câncer. Uma imagem dela muito magrela, com a pele do rosto e da boca descamando e meio cinza, me marcou muito. Era a morte próxima. Ou a morte já presente, palpável.
- Morei um ano fora do Brasil. Acho que se fosse em qualquer parte do mundo já seria uma oportunidade de muita descoberta, por permitir um olhar distanciado do Brasil. Morei dos 17 para os 18 anos na Dinamarca. País gelado, com um dos menores índices de corrupção do mundo, onde tudo funciona perfeitamente. Mesmo! Eu, acostumada com a pobreza e a precariedade do Brasil, achei tudo bem impressionante!
- Com 18 anos, depois de algum tempo aprisionada no esporte (fui atleta na adolescência), larguei a natação e voltei a fazer teatro! Uma libertação! Descoberta do corpo, da poesia...
- Assisti “Romeu e Julieta” do Grupo Galpão e logo em seguida vi um show do Antonio Nóbrega, dois trabalhos que me emocionaram muito e me despertaram um enorme interesse pela cultura popular.
- Leitura do livro “Mulheres que correm com os lobos”. Um olhar super profundo sobre a sensibilidade feminina.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
sábado, 15 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
envelopes
. Pensar em conjunto.
. Paz!!
. melhorias nos meios de transporte, na saúde e escolas mas atenção com os nossos filhos pois são poucas as melhorias
. Desejo que, por meio de seus atos, os cidadãos cariocas espalhem amor pela cidade
. O CRISTO NÃO pode SUMIR
. Espalhem a simpatia por aí
. acabar com a cbf. E rebaixar o fluminense. Vende o maracanã para ajudar na saúde, educação e segurança
. que vocês descubram que o próximo é uma extensão de cada um!
. Eu acho que o dinheiro que tá sendo aplicado na copa podia ser gasto em saúde. essa é a minha opinião
. Que os cariocas ocupem suas praças, ocupem os espaços públicos e que o espírito democrático permaneça vívido!!
. Desejo que os cidadãos do Brasil, cada um tome a iniciativa de tornar este país melhor de viver, através de pequenos atos, como sorrir ao se dirigir às pessoas, tolerar os erros do próximo e sempre enxergar o lado positivo de todas pessoas, coisas e fatos!
. Mais amor em cada canto do Brasil!
. Eu, como fã incondicional e eterna apaixonada pelo Rio, peço paz para todos e que os cariocas cuidem da cidade maravilhosa que possuem! Obrigada!
. menos violência
saúde
educação
justiça
segurança
domingo, 9 de fevereiro de 2014
sobre a morte.
contamos história dentro de um teatro. mesmo a presença, ali no palco concentrada, quer contar história, serve para isso. para narrar o acontecido. todas as noites contamos a mesma coisa. ou seja, não há nada novo. a história, a fábula, ela sempre já terá acontecido.
pois sim. então, dessa maneira, não há inédito. há a mesma história ali sendo contada sempre e novamente de novo.
quer dizer: esses personagens narram o já ocorrido. ocorrido com eles. e eles só podem nos contar isso por um detalhe sórdido e específico: o teatro é uma experiência humana que nos permite brincar de morte. brincar com o já ido.
assim, se esses personagens já morreram nessa história, resta a eles nos contar sobre o vivido. sobre como foi o percurso, o trajeto, até chegarem nisso. naquilo. na morte. a morte dá a eles um saldo que escapa ao tempo. eles podem contar o que viram, como foi, como viveram. porque a morte interrompe, corta, cessa os ponteiros e abre apenas um clarão (de consciência).
quanto mais se afasta a morte da vida, mais a vida tenta suicídio.
selamos esse pacto. eles morrem. eles morreram sempre e de novo a cada início de peça. e a peça de teatro é o local onde podemos narrar o já ocorrido, a vida (sem segredos), expressa em afetos e conflitos.
era isso.
só para registrar.
…
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Naomi Doran: paleta de cores, conceitos e outros aspectos visuais.
"Vai ter Copa do Mundo, sim"
Vai ter Copa
do Mundo, sim
indicação | blog da Raquel Rolnik
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
descrição de concreto armado i
correspondência capital
essa perfomance se realiza no trânsito epistolar entre cidadãos das duas cidades. pequenos bilhetes com desejos, conselhos, recados, revelações, notícias serão recolhidos em envelopes individuais e anônimos na praça da cinelândia, na antiga capital (rio) e na praça dos 3 poderes (em brasília). a performer abordará os passantes pedindo-lhes que escrevam um bilhete para a outra cidade e lhes explicará que isso faz parte da construção de sua performance (por ex.: "oi, com licença, eu tô fazendo uma performance lá no rio e preciso que vc escreva nesse papel e coloque nesse envelope um pedido ou um recado ou um desejo para a outra cidade..."). o rio ouvirá brasília e vice-versa, mesmo que só algumas poucas pessoas façam parte dessa rede.
cada cidadão que escrever uma carta ganhará um pedaço de giz como brinde.
a performance busca traçar e entrelaçar fragmentos de narrativas de duas cidades-capitais.
duas perguntas serão feitas:
qual o monumento da sua cidade que poderia sumir?
qual o monumento daquela outra cidade que poderia sumir?
marina vianna
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Interlúdio
A coisa mais bonita que o trabalho com teatro me permitiu foi aprender a morrer.
Essa é a coisa mais linda.
Isso não é necessariamente magia ou coisa incapaz de explicar: é só uma possibilidade.
É só um desejo. Tudo isso aqui é só um desejo. E como todo desejo: isto aqui é só uma imagem.
Quem trabalha com teatro sempre vai ouvir alguém dizer que por estar num palco como este, em formato esférico, será preciso dar conta de todos os olhos que o miram por todos os lados. Eu sei disso. Já me disseram. Mas eu não preciso mirar todos os olhos porque mesmo sem vê-los eu sei que vocês podem me ver. Eu sinto. E tudo isso eu apenas sei porque eu estou morto.
Eu estou morto agora, mas mesmo assim, eu estou aqui conversando com vocês.
Morto, de verdade, eu veria tudo isso mas poderia contar a ninguém o que descobri. Não poderia compartilhar a beleza que é morrer, que é ver por todos os lados a vida, sem segredos. Por isso eu amo meu trabalho. Porque quem morre - assim como eu morri - vira uma espécie de Deus. Um pássaro, por exemplo, ele é livre, mas preso dentro da prisão do ar. O nosso espírito, por sua vez, ele também é livre, mas é livre preso na prisão do corpo. Só que livre, bem livre mesmo, é quando se está morto. Como eu agora.
Morto, tal como es estou, eu posso ver além das paredes. Ver o que está aí dentro, aqui dentro e através dos seus olhos, e dos seus, eu vejo através da sua pele e da sua dúvida também. Quando alguém morre, o corpo morto se desmancha em matéria e abraça o mundo inteiro, porém, não com braços nem mais com mãos, mas tão somente com abraço-partícula. Partícula que de tão pequena só pode morar no vento. "Chamamos de vento esse abraço imenso que costura um mundo". Dar abraço-partícula é muito mais inteiro e aconchegante do que poderia se prever. Eu abraço vocês agora. Eu abraço esta cidade inteira. Eu abraço nosso país e todas as coisas sem nome que ainda não tivemos condições de descobrir.
Esta peça deseja abraçar muita coisa, tocar em muito assunto, em muito sentimento. Deseja acessar arrepios imensos, injustiças tornadas oficiais e sonhos interrompidos, intensos descontentamentos. Eu só estou morto para conseguir nos guiar por todos esses lugares, antes que eu venha a morrer. Por conta disso eu sou alguém que narra a dor.
Eu morri. E por ser alguém morto, eu não precisei mais me preocupar com tempo nem relógio, nem com casa propriedade chão nem teto, eu perdi todo e qualquer limite e passei a viver de novo enquanto acontecimento.
Eu estou aqui com vocês agora, vocês me vêem? Eu estou morto e só por isso posso contar a vocês a história de algumas vidas, como foi a minha, como ainda é a de vocês, como foram outras que já passaram por aqui e que ainda hoje sobrevivem acariciadas em morte.
Acompanhem-me, por favor.
Eu lhes peço.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Fundação X Obra nas personagens de CONCRETO ARMADO
Sobre aquilo que se deseja ser e o que se é efetivamente.
Sobre o que sustenta o edíficio da individualidade humana.
Sobre discurso e práxis.
Alexandre
Liberdade x Responsabilidade
Antonisia
Virtualidade x Realidade
Eleonora
Planejamento x Efetivação
Manuela
Fechamento x Abertura
Paolo
Clareza
Riane
Dúvida x Afirmação
Virgília
Geral x Específico
domingo, 19 de janeiro de 2014
QUANDO O CRIME ACONTECE COMO A CHUVA QUE CAI - Bertold Brecht, Poemas 1913 - 1956
Como alguém que chega ao balcão com uma carta importante após o
horário de atendimento: o balcão está fechado. Como alguém que quer
prevenir a cidade contra uma inundação, mas fala uma outra língua: ele
não é compreendido. Como um mendigo que bate pela quinta vez numa
porta onde já recebeu algo quatro vezes: pela quinta vez tem fome.
Como alguém cujo sangue flui de uma ferida e que espera pelo médico:
seu sangue continua saindo.
Assim chegamos e relatamos que se cometem crimes contra nós.
Quando pela primeira vez foi relatado que nossos amigos estavam sendo
mortos, houve um grito de horror. Centenas foram mortos então. Mas
quando milhares foram mortos e a matança era em fim, o silêncio tomou
conta de tudo.
Quando o crime acontece como a chuva que cai, ninguém mais grita
"alto!".
Quando as maldades se multiplicam, tornam-se invisíveis.
Quando os sofrimentos se tornam insuportáveis, não se ouvem mais os
gritos.
Também os gritos caem como a chuva de verão.
sábado, 18 de janeiro de 2014
Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara
http://www.youtube.com/watch?v=zj2kvIDXTMw
Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=YfSNMfUYIXg
Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=-T5TGthXB9k
Parte Final
http://www.youtube.com/watch?v=GICDa9hcWNE
Anteontem
http://noticias.br.msn.com/t-video.aspx?videoid=f8f9e4f8-9923-53b7-ede6-235e75b91419
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Recordar
http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/11/27/parte-de-estrutura-metalica-do-itaquerao-desaba-e-mata-funcionarios.htm
http://extra.globo.com/esporte/flamengo/torcedor-do-flamengo-que-caiu-da-arquibancada-do-maracana-em-1992-conhece-estadio-reformado-supera-trauma-9244356.html
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Arquitetura Nômade
O planejamento para os Jogos Olímpicos é criterioso e segue muito bem. Ele é rigoroso, mas não é rígido - é flexível, aberto a inovações e a soluções ousadas e criativas. Está no nosso DNA, é só checar a história. A cidade do Rio já desmontou morros e com a terra fez aterros e aeroportos, construiu parques, abriu avenidas, redesenhou paisagens, edificou estátuas a 700 metros do nível do mar, uniu morros com bondes, afastou o mar e fez a maior obra paisagística do mundo: o Parque do Flamengo.
Os projetos para as Olimpíadas começam a se desenhar com base na premissa fundamental de construção de um legado. Os Jogos devem e vão servir à cidade. E queremos elevar essa capacidade olímpica de transformação à máxima potência. O que estamos propondo em termos de legado é um conceito totalmente novo, que acreditamos ser revolucionário, e cria um novo paradigma para a própria mecânica de produção das Olimpíadas - é a Arquitetura Nômade. Inteligência carioca pura.
Qual o sentido de edificar um prédio para ser usado por, no máximo, 30 dias? Ou de construir um espaço esportivo com número máximo de assentos necessários para o período de pico de lotação que, passado esse período, não conseguirá manter nem metade do público? Ou ainda projetar uma estrutura totalmente desconectada do perfil do bairro? Tamanho e localização são dois vetores fundamentais nesse processo.
Um aspecto decisivo para a vitória da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 foi a de já ter uma quantidade de equipamentos esportivos. Alguns deles são urbanisticamente regeneradores, como o Engenhão; outros são importantes, mas trazem em si baixa contribuição urbana, como o Parque Aquático Maria Lenk. E se fosse possível fazer com que os prédios andassem, mudassem de formato ou de lugar? Então o velódromo do Parque Olímpico, na Barra, poderia se transformar em um Ginásio Experimental Carioca, em Anchieta. O complexo de tênis poderia virar uma biblioteca na Maré. A arena de lutas poderia se transmutar em um teatro na Região Portuária.
Isso é exatamente o que estamos propondo e queremos fazer. A cidade vai investir em novos prédios para eventual uso esportivo que, passada a utilidade olímpica, vão se reposicionar na cidade e ter sua finalidade convertida em algo que agregue valor e seja realmente útil ao dia a dia e à vida do carioca.
Na década de 30, Le Courbusir já falava em novos modos de construir. Há tecnologia para isso no mercado atual da engenharia civil. O mundo vive um novo limiar para a arquitetura com processos de pré-fabricação digital cada vez mais eficientes e de baixo custo. Não é simplesmente desfazer uma estrutura temporária ao final da competição. Vai muito além. Hoje, é possível desmontar prédios e reerguê-los com novas funções em outros lugares, onde façam mais sentido, em um tempo razoável e com custo otimizado. É possível, e necessário, trabalhar com os conceitos da reutilização de materiais, em projetos de menor impacto ambiental. Modernidade, sustentabilidade e novas tecnologias. Esta que estou chamando de Arquitetura Nômade busca conexões mais sinérgicas com o futuro e com as verdadeiras demandas das comunidades.
A Olimpíada não trata somente de esporte e não é só para o atleta. Ela significa mais equipamentos e serviços públicos de qualidade para a população do Rio. E é justamente por sua abrangência que as Olimpíadas são tão importantes para nossa cidade e foram tão desejadas. O Rio de Janeiro é hoje o centro urbano mais provocador do mundo, e os Jogos de 2016 devem espelhar a nossa ousadia. Afinal, ousadia está no DNA do Rio.