amores
hoje aconteceu o primeiro encontro, aqui na sede, comigo apenas.
escrevo para contar o que fiz:
escrevi num caderno o passo a passo das sinapses
muitas perguntas
só perguntas
e depois de algumas páginas
algumas hipóteses
acabei escrevendo palavras que me levaram de volta
ao caráter destrutivo do benjamin
reli
e confirmei que o que estamos fazendo agora
é abrir espaço
em meio aos escombros do que construímos
(e que precisa ser destruído)
ainda é difícil pensar em forma (seja do texto como da cena)
até porque
me parece estar bastante inviável pensar só no texto
ou só na cena
o processo de criação quer ser dito
não só como caminho percorrido
mas como experiência vivida
e isso não significa propriamente metalinguagem
(fazermos uma peça que fala de uma peça de teatro)
de fato
o que mais me voltou durante estas horas de trabalho
foi como o processo ignorou os corpos de cada um de vocês
ignorar o corpo (ou conformá-lo) é o mesmo que matar a possibilidade da performance
e noutra instância, é fazer teatro morto
tal como julgo termos feito
no meio da profusão de palavras
me voltou um procedimento inominável
poética negativa
olhei então concreto do jeito que o temos
e o mirei pela lenta da poética negativa
saltaram palavras:
metaficção
colagem
enunciação
exposição
precariedade
abertura
desmontagem
urgência
lembrei de novo da merda da reificação
da coisificação
do espetáculo
que estranho tudo isso
algum nó conceitual nos segura os pés
por fim, ousei fazer uma análise de cada página do nosso texto
tal como escrito para a temporada no espaço sesc
e fui percebendo, cena a cena
como o que nos parecia importante
esteve sempre atrelado a uma dúzia de outras coisas
que ficavam tentando forjar naturalidade
nunca direto ao ponto
sempre dando voltas
e mais voltas
sempre vida lá atrás
ficando miúda e imperceptível
não sei ao certo para onde seguir
mas não imaginava que este momento seria fácil
nem que se resolveria rápido
fato é que a presença de vocês
(ao menos de um, que seja)
é importante
mandei um e-mail, no meio do estudo, para a elsa (com cópia para a dani)
convidando ela para estar conosco
por um único motivo:
não posso me endividar mais com o armazenamento do cenário de concreto
se podemos pagar, ok
se não podemos pagar, não quero tê-lo então
afinar a produção ao nosso tamanho
isso talvez liberte o desejo
e nos permita assumi-lo sem forma na qual ele precise caber
desejo alado
muitas palavras, eu sei
mas precisava escrever a vocês
beijos,
esse texto será postado no blog.
o próximo encontro continua sendo na próximo quarta, 10 de setembro, de 17h/22h <<<