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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

neste momento ---

não há espetáculo sendo criado. há pseudo-tentativas de pseudo-pensar as possibilidades de produção. quero dizer: nada foi de fato iniciado neste sentido. nenhum investimento consciente. a ideia, porém, as vontades, se assim posso dizer, já foram lançadas. faz tempo. faz tempo. já há mais de um ano que eu falo neste espetáculo. não importa. a coisa está se formando, se pensando, articulando, etc e tal. não há questão com isso. nem poderia dizer que há medo em ter a data de validade vencida. isso não vai acontecer. é muita. muita. ira (rima?).

de qualquer forma. a pontuação desta pequena reflexão (seria isso?). a pontuação vai mostrando sua própria poética. os pontos estão sempre se anunciando. são sempre mais ágeis. são sempre mais prontos que qualquer ideia. não há dúvida. há afirmação. eu fico perscrutando essa peça, este novo trabalho, em lugares que não seriam lugares de antemão. eu passo quase todos os dias pelo maracanã. eu cruzo o estádio. eu vou para lá e volto e há sempre homens nas alturas trabalhando e está tudo lindo. e eu me perguntando onde é que está a pólvora?

eu hoje cruzando o aterro do flamengo, aqui no rio de janeiro, e pensando: poxa, se o rio de janeiro não fosse naturalmente também tão lindo, tão lindo, as coisas seriam mais fáceis. o absurdo da nossa realidade seria mais visível. mas há tanta beleza. é tão fácil ficar bêbado e brocha frente a tanta formosura. eu penso no carnaval. que desfile reificado. que coisa estranha, quanta beleza convivendo lado a lado, colada a tanta loucura. tanta pobreza. tanta exploração.

eu fico doente. e ao mesmo tempo, preciso pensar em produção. fico pensando o que significa querer falar deste assunto, fazer este espetáculo. será que estou antecipando aquilo que ele ainda nem é, de fato? talvez sim. talvez tudo. talvez eu devesse pensar mais focado. talvez eu devesse só pensar quando fosse o momento exato de estrear o dito cujo. vejam, as rimas são independentes. elas escrevem as minhas falas e ditam, nisso mesmo, a minha opinião, a minha falta de opinião, o meu escrúpulo.

por hoje chega. hoje ou ontem é tudo a mesma coisa: ainda estamos sendo brutalmente manipulados.

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tentativa

CONCRETO ARMADO É O NOME DO NOVO ESPETÁCULO DA COMPANHIA CARIOCA TEATRO INOMINÁVEL, COM PREVISÃO DE ESTREIA PARA O FINAL DE 2013. ESTE ESPETÁCULO INVESTIGARÁ A POSSIBILIDADE DO TRÁGICO NA CENA CONTEMPORÂNEA, A PARTIR DE EVENTOS COMO A COPA DO MUNDO DE 2014 NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

Qual a sua urgência? O que te inquieta a ocupar a cena e que transformação quer provocar?

A URGÊNCIA ESTÁ EM ABORDAR UM ACONTECIMENTO REAL, A COPA DO MUNDO DE 2014, POR MEIO DE UMA CRIAÇÃO ARTÍSTICA. INTERESSA-NOS BUSCAR NA PRÓPRIA TEATRALIDADE ALGUMA POSSIBILIDADE DE DESFIBRILAR O REAL ADORMECIDO E REVELAR SUA COMPLEXIDADE INATA, PORÉM ESQUECIDA, “REIFICADA”. VIVEMOS NUM COTIDIANO TÃO ENCENADO, PRONTO E MARCADO, QUE NOS PERGUNTAMOS: PARA ONDE TERÁ IDO A PRÓPRIA NOÇÃO DE VIDA? A PRESENTE PROPOSIÇÃO NÃO VISA ATINGIR RESULTADOS, MAS DIALOGAR A PARTIR DE UM OLHAR ESPECÍFICO SOBRE A REALIDADE SOCIAL DO RIO DE JANEIRO.

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sábado, 17 de novembro de 2012

tempo tempo

pensando sobre cronograma. pensando sobre começar o que já está acontecendo.
é sempre tão artificial o processo da criação que me assusto, às vezes, quando confundo ira com experimento cênico.
eu escrevo neste blog apenas algumas palavras
tentando "registrar" o soluço que passa
porque amanhã
amanhã
sem dúvida alguma
susto maior vai me calar
até que semana que vem
de novo
a ira
em mim se refaça.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

viajando

ontem dentro do táxi, indo para o teatro apresentar sinfonia sonho
o mp3 ligado, o vidro aberto ventando na minha cara
o som gostoso, fazendo carinho na alma
e eu pensando
como dosar a irritação
e a criação
uma dupla dinâmica
criação / irritação
criação + irritação
como foi que essas duas coisas se tornaram tão indissociáveis?
é como se uma pudesse morrer não tendo a outra
é como se eu visse
(eu vi, no táxi, rumo ao túnel rebouças, eu vi)
a ira sentada à mesa
e personificada
mais uma vez
eu vi como confissão
a ira que me atormenta
enquanto em cena
os atores
bailando a diferença
escrevendo via corpo afeto e som (palavra-som)
a possibilidade outra que a vida nos solapou

eu vi
a mesa
o papel
eu vejo tantos microfones
que nem sei.

queria registrar aqui
esse trajeto
foi apaziguador
mas não sem horror
foi forte
intenso
e delicado

foi amor de diferentes

foi possibilidade outra de lidar com o complexo

com o elefante
enjaulado.