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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Fundação


Foto de Paula Kossatz

Naomi Doran: paleta de cores, conceitos e outros aspectos visuais.

Estes são alguns dos trabalhos da artista Naomi Doran, processos de exploração e experimentação do potencial criativo autônomo e visual de materiais de construção industriais. Segue um texto que encontrei dela falando sobre: “Minha inspiração vem da paisagem arquitetônica e natural que me rodeia, desolada, abandonada e decadente; mas também da forma como as forças elementares da natureza manipulam e transformam superfícies, cores e formas. Minha arte é uma abstração direta da natureza e do ambiente construído, um vocabulário 3D de tudo o que me rodeia. Minhas pinturas esculturais incorporam o concreto líquido solidificado com o aço corroído e cobre patinado. INCENTIVO OS PROCESSOS DE OXIDAÇÃO E CORROSÃO QUE CONSEGUEM CRIAR UMA "ARTE VIVA" - pinturas que evoluem ao longo do tempo. Ao fazer isso, sou capaz de reforçar e enfatizar as características naturais dos próprios materiais. Fraturas capilares intricadas aparecem, a ferrugem cresce, as cores desenvolvem-se e se transformam. O resultado deste processo simbiótico é, portanto, uma colaboração entre a natureza e minha, um produto do meu próprio projeto e do ambiente em que ele é criado”. Observação atenta para a frase em caixa alta. Para conhecer a obra completa dela, aqui: http://naomidoran.com

"Vai ter Copa do Mundo, sim"

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Publicado em 26/01/2014

Vai ter Copa
do Mundo, sim

“Como a desinformação alimenta o festival de besteiras ditas contra a Copa do Mundo de Futebol no Brasil.”

(*) Antonio Lassance é doutor em Ciência Política e torcedor da Seleção Brasileira de Futebol desde sempre.

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indicação | blog da Raquel Rolnik


indicação do luciano corrêa,

Oi Diogo, esse é o bolg da Rachel Rolnik, urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.

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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Glossário de Arquitetura

http://www.arquitetando.xpg.com.br/dicionario%20de%20arquitetura.htm

Para Paolo ---

 

indicação de paula kossatz.

concreto armado i

 

concreto armado i

descrição de concreto armado i

correspondência capital

essa perfomance se realiza no trânsito epistolar entre cidadãos das duas cidades. pequenos bilhetes com desejos, conselhos, recados, revelações, notícias serão recolhidos em envelopes individuais e anônimos na praça da cinelândia, na antiga capital (rio) e na praça dos 3 poderes (em brasília). a performer abordará os passantes pedindo-lhes que escrevam um bilhete para a outra cidade e lhes explicará que isso faz parte da construção de sua performance (por ex.: "oi, com licença, eu tô fazendo uma performance lá no rio e preciso que vc escreva nesse papel e coloque nesse envelope um pedido ou um recado ou um desejo para a outra cidade..."). o rio ouvirá brasília e vice-versa, mesmo que só algumas poucas pessoas façam parte dessa rede.

cada cidadão que escrever uma carta ganhará um pedaço de giz como brinde.

a performance busca traçar e entrelaçar fragmentos de narrativas de duas cidades-capitais.

duas perguntas serão feitas:

qual o monumento da sua cidade que poderia sumir?

qual o monumento daquela outra cidade que poderia sumir?

marina vianna

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Interlúdio

Paolo

A coisa mais bonita que o trabalho com teatro me permitiu foi aprender a morrer.
Essa é a coisa mais linda.
Isso não é necessariamente magia ou coisa incapaz de explicar: é só uma possibilidade.
É só um desejo. Tudo isso aqui é só um desejo. E como todo desejo: isto aqui é só uma imagem.
Quem trabalha com teatro sempre vai ouvir alguém dizer que por estar num palco como este, em formato esférico, será preciso dar conta de todos os olhos que o miram por todos os lados. Eu sei disso. Já me disseram. Mas eu não preciso mirar todos os olhos porque mesmo sem vê-los eu sei que vocês podem me ver. Eu sinto. E tudo isso eu apenas sei porque  eu estou morto.
Eu estou morto agora, mas mesmo assim, eu estou aqui conversando com vocês.
Morto, de verdade, eu veria tudo isso mas poderia contar  a ninguém o que descobri. Não poderia compartilhar a beleza que é morrer, que é ver por todos os lados a vida, sem segredos. Por isso eu amo meu trabalho. Porque quem morre - assim como eu morri - vira uma espécie de Deus. Um pássaro, por exemplo, ele é livre, mas preso dentro da prisão do ar. O nosso espírito, por sua vez, ele também é livre, mas é livre preso na prisão do corpo. Só que livre, bem livre mesmo, é quando se está morto. Como eu agora.
Morto, tal como es estou, eu posso ver além das paredes. Ver o que está aí dentro, aqui dentro e através dos seus olhos, e dos seus, eu vejo através da sua pele e da sua dúvida também. Quando alguém morre, o corpo morto se desmancha em matéria e abraça o mundo inteiro, porém, não com braços nem mais com mãos, mas tão somente com abraço-partícula. Partícula que de tão pequena só pode morar no vento. "Chamamos de vento esse abraço imenso que costura um mundo". Dar abraço-partícula é muito mais inteiro e aconchegante do que poderia se prever. Eu abraço vocês agora. Eu abraço esta cidade inteira. Eu abraço nosso país e todas as coisas sem nome que ainda não tivemos condições de descobrir.
Esta peça deseja abraçar muita coisa, tocar em muito assunto, em muito sentimento. Deseja acessar arrepios imensos, injustiças tornadas oficiais e sonhos interrompidos, intensos descontentamentos. Eu só estou morto para conseguir nos guiar por todos esses lugares, antes que eu venha a morrer. Por conta disso eu sou alguém que narra a dor.
Eu morri. E por ser alguém morto, eu não precisei mais me preocupar com tempo nem relógio, nem com casa propriedade chão nem teto, eu perdi todo e qualquer limite e passei a viver de novo enquanto acontecimento.
Eu estou aqui com vocês agora, vocês me vêem? Eu estou morto e só por isso posso contar a vocês a história de algumas vidas, como foi a minha, como ainda é a de vocês, como foram outras que já passaram por aqui e que ainda hoje sobrevivem acariciadas em morte.
Acompanhem-me, por favor.
Eu lhes peço.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Fundação X Obra nas personagens de CONCRETO ARMADO

 

Sobre aquilo que se deseja ser e o que se é efetivamente.

Sobre o que sustenta o edíficio da individualidade humana.

Sobre discurso e práxis.

 

Alexandre

Liberdade x Responsabilidade

 

Antonisia

Virtualidade x Realidade

 

Eleonora

Planejamento x Efetivação

 

Manuela

Fechamento x Abertura

 

Paolo

Clareza

 

Riane

Dúvida x Afirmação

 

Virgília

Geral x Específico

 

domingo, 19 de janeiro de 2014

QUANDO O CRIME ACONTECE COMO A CHUVA QUE CAI - Bertold Brecht, Poemas 1913 - 1956


Como alguém que chega ao balcão com uma carta importante após o
horário de atendimento: o balcão está fechado. Como alguém que quer
prevenir a cidade contra uma inundação, mas fala uma outra língua: ele
não é compreendido. Como um mendigo que bate pela quinta vez numa
porta onde já recebeu algo quatro vezes: pela quinta vez tem fome.
Como alguém cujo sangue flui de uma ferida e que espera pelo médico:
seu sangue continua saindo.

Assim chegamos e relatamos que se cometem crimes contra nós.

Quando pela primeira vez foi relatado que nossos amigos estavam sendo
mortos, houve um grito de horror. Centenas foram mortos então. Mas
quando milhares foram mortos e a matança era em fim, o silêncio tomou
conta de tudo.

Quando o crime acontece como a chuva que cai, ninguém mais grita
"alto!".

Quando as maldades se multiplicam, tornam-se invisíveis.
Quando os sofrimentos se tornam insuportáveis, não se ouvem mais os
gritos.
Também os gritos caem como a chuva de verão.

Rolezinho Brecha Coletivo - 2010

http://vimeo.com/84436006

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Arquitetura Nômade

Há uma proteína no DNA no Rio de Janeiro que é muito rara: ousadia. É só olhar para a cidade, que nos últimos tempos se transformou em um canteiro de obras. É preciso ter paciência, é verdade. Mas o término do conjunto de intervenções que a prefeitura está promovendo vai reposicionar a Cidade Maravilhosa no século XXI. Estamos paulatinamente corrigindo a assimetria da qualidade dos serviços públicos: mobilidade, saneamento, equipamentos de saúde e educação, revitalização de espaços públicos. Estamos criando uma nova rede, mais bem distribuída e com maior coesão e eficiência. É o fim da cidade partida.

O planejamento para os Jogos Olímpicos é criterioso e segue muito bem. Ele é rigoroso, mas não é rígido - é flexível, aberto a inovações e a soluções ousadas e criativas. Está no nosso DNA, é só checar a história. A cidade do Rio já desmontou morros e com a terra fez aterros e aeroportos, construiu parques, abriu avenidas, redesenhou paisagens, edificou estátuas a 700 metros do nível do mar, uniu morros com bondes, afastou o mar e fez a maior obra paisagística do mundo: o Parque do Flamengo.

Os projetos para as Olimpíadas começam a se desenhar com base na premissa fundamental de construção de um legado. Os Jogos devem e vão servir à cidade. E queremos elevar essa capacidade olímpica de transformação à máxima potência. O que estamos propondo em termos de legado é um conceito totalmente novo, que acreditamos ser revolucionário, e cria um novo paradigma para a própria mecânica de produção das Olimpíadas - é a Arquitetura Nômade. Inteligência carioca pura.

Qual o sentido de edificar um prédio para ser usado por, no máximo, 30 dias? Ou de construir um espaço esportivo com número máximo de assentos necessários para o período de pico de lotação que, passado esse período, não conseguirá manter nem metade do público? Ou ainda projetar uma estrutura totalmente desconectada do perfil do bairro? Tamanho e localização são dois vetores fundamentais nesse processo.

Um aspecto decisivo para a vitória da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 foi a de já ter uma quantidade de equipamentos esportivos. Alguns deles são urbanisticamente regeneradores, como o Engenhão; outros são importantes, mas trazem em si baixa contribuição urbana, como o Parque Aquático Maria Lenk. E se fosse possível fazer com que os prédios andassem, mudassem de formato ou de lugar? Então o velódromo do Parque Olímpico, na Barra, poderia se transformar em um Ginásio Experimental Carioca, em Anchieta. O complexo de tênis poderia virar uma biblioteca na Maré. A arena de lutas poderia se transmutar em um teatro na Região Portuária.

Isso é exatamente o que estamos propondo e queremos fazer. A cidade vai investir em novos prédios para eventual uso esportivo que, passada a utilidade olímpica, vão se reposicionar na cidade e ter sua finalidade convertida em algo que agregue valor e seja realmente útil ao dia a dia e à vida do carioca.

Na década de 30, Le Courbusir já falava em novos modos de construir. Há tecnologia para isso no mercado atual da engenharia civil. O mundo vive um novo limiar para a arquitetura com processos de pré-fabricação digital cada vez mais eficientes e de baixo custo. Não é simplesmente desfazer uma estrutura temporária ao final da competição. Vai muito além. Hoje, é possível desmontar prédios e reerguê-los com novas funções em outros lugares, onde façam mais sentido, em um tempo razoável e com custo otimizado. É possível, e necessário, trabalhar com os conceitos da reutilização de materiais, em projetos de menor impacto ambiental. Modernidade, sustentabilidade e novas tecnologias. Esta que estou chamando de Arquitetura Nômade busca conexões mais sinérgicas com o futuro e com as verdadeiras demandas das comunidades.

A Olimpíada não trata somente de esporte e não é só para o atleta. Ela significa mais equipamentos e serviços públicos de qualidade para a população do Rio. E é justamente por sua abrangência que as Olimpíadas são tão importantes para nossa cidade e foram tão desejadas. O Rio de Janeiro é hoje o centro urbano mais provocador do mundo, e os Jogos de 2016 devem espelhar a nossa ousadia. Afinal, ousadia está no DNA do Rio.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Dê Um Rolê - Novos Baianos

Banco de Material Emergido das Improvisações - segunda, 13 janeiro 2014 (Tema: Primeiros Contatos)

improvisações segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cena - Riane e Virgília, primeiro contato

Riane na sala de espera da secretaria da faculdade. Virgília chega e se senta.
elas em algum momento se percebem. um olhar. nada.
Virgília, após curta espera, faz menção de se dirigir ao balcão. Riane, prontamente

R - Oi, é, é que eu sou a próxima

Virgília, tranquila

V -  tudo bem, só ia  fazer uma pergunta

Riane se desculpa.

R - é o calor. e a espera. desculpa.
V - tudo bem

tempo

R - é pós ?
V - oi?
R - se é pra pós que você...
V - ah, sim, é
R - arquitetura e urbanismo?

elas começam uma conversa sobre o que estão ali para fazer. a certa altura o papo morre. tempo. Riane retoma, sabe-se lá por que cargas d’água, comentando da pesquisa da Manuela e terminando com um

R - ela é massa.

Virgília, sabe-se lá por que cargas d’água, demonstra algum interesse.

V - bem legal, vou dar uma sondada

chega a vez de serem atendidas e Riane diz

R - pode ir, faço questão

Virgília resiste charmosa, mas, enfim, aceita.

V - a gente se vê, então

R - é, a gente se vê



Cena - Manuela e Alexandre, primeiro contato

Manuela está na sala, onde acaba de ter estado em reunião tensa, (pode ter sido justo a reunião em que ela tentou argumentar sobre o desfalque no processo da sua bolsa), meio puta, arrumando suas coisas pra sair, ou procurando alguma coisa de que tenha sentido falta dentro da bolsa (bolsa mesmo, de guardar as coisas). Do nada, Alexandre aparece na porta, sem cerimônia alguma, por engano, pergunta se é ali que vai ser a reunião xxxxx.
Manuela diz que não, que não sabe nada a respeito.

A - obrigado.

Sai.

Manuela continua ali, enrolada com sua busca na bolsa.

tempo.

Manuela irritada desiste, bufa. “foda-se. vou fumar um cigarro.” encosta a porta. adulto fumando escondido. pega o cigarro na bolsa, o isqueiro. vai pra janela. quando ia botando o cigarro na boca, susto com a volta de Alexandre, falando ininterruptamente:

A - Desculpa, mas não é você que é  a Manuela? que deu aula pra xxxxxxx não sei quando? cara, eu ouço muito falar de vc, fulano meu amigo falou de você, cicrano meu amigo falou de você, falaram bem, né, claro, imagina se eu/ engraçado, cê me lembra tanto aquela atriz…

M - (sim, joguei pedras na cruz) é mesmo? que atriz?

A - gente, aquela do… vários filmes, aquele do… enfim… nossa, tá aqui assim, daqui a pouco vem,

(vai falando sem o menor feeling de que pode estar interrompendo a solidão de alguém que a desejava muitíssimamente. Manuela ouve o menino, incrédula, pensando cá consigo mesma: “já vi que hoje é dia”)

A - [...] e pelo que eles me disseram eu acho que tem tudo a ver com um estudo que eu tô fazendo agora sobre xxxxxxxx, pesquisando um pouco dessa coisa da vivência do espaço em situações de xxxxxxx,  etc, xxxxxxxxxxx, como eu tô entrando agora na Pós - cê dá aula na Pós, né?, pois é, beltrano também me comentou - eu pensei se, não, sei lá, podia assistir alguma aula tua, assim de ouvinte mesmo, sem compromisso, xxxxxxxxxx, ou se então a gente não poderia xxxxxxxxx, sabe? que esse semestre eu, assim, tô, quero entrar pra matar, sabe? tipo, quê que cê acha?

Longo silêncio de uma Manuela perplexa. a falta de tato do despejo verbal de Alexandre extrapolou tanto os limites do aceitável que terminou por conseguir sê-lo, `a sua maneira.

M - Qual seu nome?

A - Ah é, pô, esqueci, é Alexandre, meu nome, Alexandre

M - Olha: Alexandre. eu passei hoje aqui duas horas, nessa mesma sala tendo que lidar com muitas pessoas, como dizer?, pessoas... sem noção, e eu realmente não pensei que eu poderia ver algo tão similar ou até pior em tão curto espaço de tempo.

A - (o sorriso congela)  …? (será que eu saio? cavo um buraco? morro?)

M - No entanto. (tempo. Manuela refaz sua própria lógica em sua própria cabeça) Bom, tá na chuva, né… Eu vou começar uma pesquisa… agora não tô muito com cabeça pra falar. cê vê lá na grade e se você se interessar encaminha um pedido até amanhã na xxxxxxxxx.

A - pô, nem sei o que dizer, incrível, claro, vou, vou sim, eu/

M - agora cê me desculpa, Alexandre, eu preciso muito dar um telefonema.

A - Claro, claro, não, pô, magina. Valeu, Manuela, brigado.

Sai

Manuela sozinha.respira. tempo. “isso aconteceu?”
calmamente retorna ao cigarro escondido na mão desde a entrada de Alexandre. se aproxima da janela outra vez. vai acender o cigarro. Alexandre, na porta reaparece, súbito

A - Fanny Ardant!!! viu? lembrei. era Fanny Ardant. (matreiro e galante) já pode fumar o seu cigarro, professora. até mais. té daqui a pouco.



Cena - Eleonora e Paolo, primeiros contatos

Paolo preenchendo documentos na secretaria. CPF, comprovante de residência, certificado disso e daquilo; não vê Eleonora que acaba de entrar. ela o vê, chega por trás e tampa seus olhos, na velha brincadeira

P - quem é?

E - Eu não te vejo há não sei quantos anos, você nunca devolveu aquele meu livro do Foucault, você nunca mais me ligou, o que tudo bem porque eu também não, eu acho que vc não tem Facebook porque não é possível ser tão difícil assim falar com uma pessoa em 2014, se bem que é a sua cara não ter Facebook, teu filho deve tá enorme, eu sinto saudade dele também, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

P - E quando foi que vc começou a fumar, Eleonora?

eles se abraçam. na euforia do encontro. e o que vc veio fazer aqui, e a pós, e a vida, a Marília, o Danilo, e seu pai, e tudo, e - a Marília faleceu.

e abraço.

e silêncio, e tentar recomeçar o assunto depois de uma dessa. e a pesquisa da Manuela, e se inscreve também você, tem uma grana, vai que a gente estuda junto, só assim mesmo pra conseguir te ver, e vou ver, pode ser uma boa, e foi muito bom te ver, nossa, e foi muito bom ver você também, e você tá tão bonito, envelhecendo bem, e você é que tá bonita, aliás sempre foi, e vamo combinar de tomar um café, e pode ser gelado?, e pode ser chope em vez de café? e anota o meu telefone, e anota você o meu.







segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Composição sobre os Personagens

Para terça, 14 de janeiro de 2014 - Composição individual sobre os Personagens

- Cada ator deve preparar uma composição sobre seu personagem usando como mote os TEMAS apontados pela direção/dramaturgia

- Cada composição deve conter uma REFERENCIA ao livro que o personagem está lendo durante o mês de Janeiro

- A duração máxima é de 3 minutos

TEMAS:

ALEXANDRE - "Eu estou sozinho durante 30 dias na casa dos meus pais pela primeira vez; acabou o papel higiênico."

ELEONORA - "Pai, esse é o meu primeiro projeto de arquitetura a sair do papel e eu fico muito feliz que seja o projeto da reforma da nossa casa"

MANUELA - "Agora que tenho um ar-condicionado que dá vazão na casa toda, inventei de começar de fumar"

PAOLO - "Danilo, hoje você faz 7 anos e o papai te trouxe até aqui, onde eu conheci a tua mãe, pra te contar tudo sobre ela"

RIANE - "Riane, não tô acreditando nisso. É obvio que você sempre soube, mas agora tu sabe mesmo: tu é bicha"

VIRGILIA - [na empresa do pai] "Não posso estagiar nesse projeto. Por que? Ora, porque a Copa do mundo vai estar acontecendo nesse período"


domingo, 12 de janeiro de 2014

Educacão depois de Auschwitz - Theodor Adorno

breve excerto do texto:


"[...] o centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se repita. Isto só será possível na medida em que ela se ocupe da mais importante das questões sem receio de contrariar quaisquer potências. Para isto teria de se transformar em sociologia, informando acerca do jogo de forças localizado por trás da superfície das formas políticas. Seria preciso tratar criticamente um conceito tão respeitável como o da razão de Estado, para citar apenas um modelo: na medida em que colocamos o direito do Estado acima do de seus integrantes, o terror já passa a estar potencialmente presente.

Em Paris, durante a emigração, quando eu ainda retornava esporadicamente à Alemanha, certa vez Walter Benjamin me perguntou se ali ainda havia algozes em número suficiente para executar o que os nazistas ordenavam. Havia. Apesar disto a pergunta é profundamente justificável. Benjamin percebeu que, ao contrário dos assassinos de gabinete e dos ideólogos, as pessoas que executam as tarefas agem em contradição com seus próprios interesses imediatos, são assassinas de si mesmas na medida em que assassinam os outros. Temo que será difícil evitar o reaparecimento de assassinos de gabinete, por mais abrangentes que sejam as medidas educacionais. Mas que haja pessoas que, em posições subalternas, enquanto serviçais, façam coisas que perpetuam sua própria servidão, tornando-as indignas; que continue a haver Bojeis e Kaduks, contra isto é possível empreender algo mediante a educação e o esclarecimento."

para ler na íntegra:

http://adorno.planetaclix.pt/tadorno10.htm

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Encontro #8

08/01/2014


Sala de ensaio - SESC Copacabana
10h --- 14h


Taís Feijó, Adassa Martins, Caroline Helena, Marina Vianna, Gunnar Borges, Natássia Vello


- Trabalho com as cenas

Encontro #7

07/01/2014




Sala de ensaio - SESC Copacabana
09h --- 14h




Marina Vianna, Diogo Liberano, Caroline Helena, Keli Freitas, Taís Feijó, Gunnar Borges, Natássia Vello, Adassa Martins




- Trabalho com as cenas
- Texto "Só quem morre pode dizer"
- Reunião dramaturgia + direção

Encontro #6

06/01/2014




Sala de ensaio - SESC Copacabana
09h --- 14h




Adassa Martins, Marina Vianna, Gunnar Borges, Taís Feijó, Diogo Liberano, Caroline Helena, Natássia Vello, Keli Freitas




- Entrega de pequenas cenas para a criação de composições

Fonte: https://www.facebook.com/jornalanovademocracia?fref=ts

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Alunos, vocês passaram nisso aqui, ó!

 

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Disciplinas e Ementas

http://www.proarq.fau.ufrj.br/novo/arquivos/anexos/mp-disciplinas_e_ementas-v2.pdf

PROARQ - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da UFRJ

http://www.proarq.fau.ufrj.br/novo/


UMA ANTROPOLOGIA DO ESPAÇO

UMA ANTROPOLOGIA DO ESPAÇO

Resenha de CHOAY, Françoise. Pour une anthropologie de l’espace. Paris: Seuil, 2006.

Amilcar Torrão Filho
Pontifícia Universidade Catótolica de São Paulo


Françoise Choay é bem conhecida do público brasileiro, por vários de seus livros e artigos já traduzidos para o português, como A regra e o modelo, ou a Alegoria do Patrimônio. Este livro, recém-publicado na França, não é exatamente uma obra nova, mas a coletânea de trabalhos esparsos e de difícil acesso, coligidos para a coleção La Couleur des Idées, da editora Seuil. Embora escritos ou publicados entre 1985 e 2005, seus textos apresentam uma incômoda atualidade.
A própria autora, em seu prefácio, chama a atenção para a heterogeneidade dos temas tratados, mas adverte, o que a leitura confirma, que seus textos possuem uma “dupla unidade de objeto e de tempo” (p. 7). Uma unidade de temas, pois para ela edifícios singulares e arquitetura, cidades e urbanismo, monumentos e conservação patrimonial, projetos icônicos e projeto político, são formas e práticas múltiplas de uma mesma e única atividade, “cujo desdobramento no espaço natural permite às sociedades humanas edificar o seu meio próprio” (pp. 7-8). E uma unidade temporal, não necessariamente de suas balizas cronológicas, que vão do século XV de Alberti ao século XXI do patrimônio mundial, mas do período no qual estão inseridos os textos escolhidos, que a autora afirma estar marcado por uma revolução eletro-telemática, ou informacional, de enorme impacto sobre a cidade, o urbanismo e o patrimônio.
O livro está dividido em quatro partes: História e Crítica, O Urbano, Patrimônio e Antropologia; ainda que sejamos advertidos que esta classificação é em parte arbitrária, e estes temas se entrecruzem constantemente. Justamente a antropologia, que dá título ao volume, dá uma unidade conceitual a estes textos aparentemente heterogêneos. A autora insiste nesta “função antropo-genética da espacialização” que, segundo ela, está totalmente ausente do debate sobre a arquitetura e o urbanismo, mesmo nos órgãos de administração ou na “praça pública”, unânimes em “celebrar o caráter lúdico e mediático de todas as ‘artes do espaço’, devotados “ao deus da moda e das finanças” (p. 10). Ou seja, Choay procura destacar o caráter não-natural da arquitetura e da produção de cidades, nos quais a política e a ação do homem são constitutivas, muito mais do que uma técnica pretensamente científica e neutra.
Sua primeira crítica é endereçada, então, a Le Corbusier, num texto que o coloca em perspectiva. Seu interesse não é tanto a obra de Le Corbusier, como um determinado aporte moderno sobre a arquitetura e a cidade, representada pelo arquiteto suíço. Tampouco são as carências técnicas de suas obras construídas, embora não deixe de apontá-las; mas demonstrar o que denomina “a dimensão retórica do funcionalismo corbusiano” (p. 16). Justamente porque esta dimensão retórica é o aspecto mais importante da obra do arquiteto, responsável pelo que Choay considera a sua incompreensão da condição antropológica da urbanização; ou mais claramente, a ausência de uma dimensão verdadeiramente urbana de seus projetos de metrópoles (p. 21). A dimensão polemista de seus textos, mais abundantes que sua obra construída, e sua recepção altamente midiática, seriam responsáveis pelo alcance de seu trabalho no pensamento urbanístico, a despeito de sua incompreensão da real dimensão da técnica na cidade, ao contrário dos esquecidos Ildefonso Cerdà, que Choay não se cansa de recuperar, e Gustavo Giovannoni, ou de Camillo Sitte, acusado pelo mesmo Jeanneret de passadista.
Apoiado numa ideologia progressista, Le Corbusier presume, assim, a universalidade das necessidades do homem, por isso a possibilidade de se construir as suas famosas “máquinas de morar” e “máquinas de habitar”; mais do que isso, “trata-se de conceber, para o homem universal, protótipos reprodutíveis de cidades e não mais apenas edifícios isolados” (p. 25). Trata-se de uma modernidade universalizante e “desumana”, destinada a um “homem teórico”, portanto inexistente (p. 36). Mas o arquiteto suíço não é o único representante desta ideologia progressista, composta de “imperativos categóricos, de paralogismos, de amálgamas terminológicos, de referências a saberes não dominados, de metáforas falaciosas”, cujos autores se instauram como “detentores e enunciadores da verdade arquitetônica e urbanística”; dos quais o mais talentoso, e midiático, é hoje Rem Koolhas (p. 115).
Falta-nos, para Choay, um discurso crítico e autocrítico, ou um “discurso epistemológico” sobre a cidade e a arquitetura, que ela encontra, por exemplo, em Alberti, daí a unidade de objeto de seu texto apesar da enorme distância temporal. Por isso a sua insistência no caráter não prescritivo do De Re Aedificatoria, cuja finalidade não é descrever os meios que permitam “realizar uma série de projetos concretos, nem de propor uma coleção de edifícios ideal-típicos, mas de fazer compreender a significação do ato construtivo” (p. 379). Tanto em Le Corbusier como em Alberti, a autora insiste em seu caráter retórico, que não significa obviamente apenas “discurso”, numa acepção de senso comum, mas de uma preceptiva do ato de construir, uma teoria da arquitetura e do urbanismo (p. 379). A diferença é que Alberti reconhece a dimensão antropológica da construção de cidades e da vida urbana.
Apesar de acusada, como Sitte e Giovannonni, de passadista, por sua defesa da cidade já construída e do patrimônio arquitetônico, que ela toma o cuidado de distinguir do patrimônio histórico, mais ligado aos “abusos de uma indústria mundializada e mundializante do patrimônio” (p. 319), e que não tem, necessariamente, um “estatuto antropológico” (p. 266), Choay chama a atenção para o que considera um grande anacronismo atual: denominar os espaços urbanos nos quais habitamos hoje pelo conceito arcaico de “cidade” (“Ville”: un archaïsme lexical, pp. 148-153). Deveríamos, assim, admitir o desaparecimento da cidade tradicional e interrogar-nos sobre “a natureza da urbanização e sobre a não-cidade que parece ter se tornado o destino das sociedades ocidentais avançadas” (p. 167); o que denomina, baseada em Melvin Webber, de era pós-urbana, título de um dos artigos citados deste autor (p. 200).
Para não deixar dúvidas quanto ao caráter não-passadista de sua obra, chega a sugerir até mesmo algumas demolições vistas como necessárias: da Biblioteca Nacional (ou ironicamente a Très Grand Bibliothèque), por seu “programa anacrônico, concepção anti-funcional, implantação absurda, e custo de funcionamento insano”, a Ópera da Bastilha e o Ministério das Finanças, por sua “desestruturação sem apelo do tecido circundante” e inutilidade (p. 304). Claro que, assim como Alberti, seu texto não é prescritivo, nem um manual de construção de cidades. Suas sugestões polêmicas e impossíveis, nestes casos citados, são muito mais um destaque sobre a forma como determinadas intervenções urbanas não levam em conta um conhecimento antropológico da cidade e do patrimônio e uma profunda incompreensão da significação do ato construtivo, que ela identifica na obra de Alberti. Um debate premente para o qual, infelizmente, possui poucos interlocutores.


Recebido em 12/09/2007.

sobre as composições do encontro #7

menino e meninas

alguns comentários rapidinhos sobre as composições apresentadas hoje e que serão apresentadas à equipe nesta sexta:

- estado de presença, em todas elas

- a dramaturgia já tem um jogo (um tempo-ritmo), mas não quero vocês sofrendo a decoreba (libertem-se do papel e tentem capturar a situação)

- daqui para sempre não tem como olhar para vocês e não ver aluno e professora. tentem sempre pensar por esse ponto de vista (mesmo que não saibam muito sobre cada personagem)

- gosto das micro-coisas que sustentam a atenção de quem vê

- as cenas, por vezes, eu não pude ouvir direito

- como se fala numa arena? para onde que não só para frente? com que punch?

- ao mesmo tempo, é delicado o início de tudo, porque vocês estão com o interlocutor, não só olhando, mas fazendo a fala nascer ali

- boa dosagem do cômico (vocês sabem que fazem o riso surgir e fazem quando querem… logo, o riso serve para alguma coisa que o próprio riso de quem assiste vocês esconde… como se usar do riso? em qual instante preciso?)

- cenas extremamente densas, sem exceder, extremamente inteiras (não devendo satisfação a ninguém)

- curioso, agora observo, vocês estavam sempre dentro de no mínimo quatro quartas paredes…

- os afetos já podem ser capturados (eles escorrem de vocês para todos os lados - mesmo!)

basta.

vambora.

parabéns.

“Arquitetos, não derrubem nada!”

É preciso destruir prédios antigos para erguer imóveis “verdes” no lugar? Ao considerar a energia empregada na construção, é difícil a conta fechar

por Philippe Bovet | 01 de Junho de 2012

A demolição-reconstrução de moradias muitas vezes parece o único horizonte das políticas urbanas. Mas arrasar quarteirões sem considerar sua renovação gera tanto problemas sociais como ambientais. Essa opção ignora um dado fundamental: colocar a criatividade a serviço do que já existe é ecologicamente viável e dá resultados comprovados.

A destruição de um imóvel é questionável por duas razões. Em primeiro lugar, as pessoas sentem-se ligadas à identidade de seu bairro, preferindo mudanças progressivas a transformações radicais. Em segundo lugar, a demolição acarreta o desaparecimento de um capital de “energia incorporada” quase comparável ao estoque de gás carbônico perdido num incêndio florestal. Esse conceito designa a soma de toda a energia investida em uma edificação, da construção (extração e entrega de materiais, instalação de guindaste, deslocamento de trabalhadores) à destruição (implosão, transporte, eliminação ou reciclagem do entulho).

Ao contrário do que se imagina, demolir para reconstruir habitações energeticamente muito econômicas não representa um ganho ambiental. Segundo a empresa de energia francesa Olivier Sidler, a demolição-reconstrução de um edifício mobiliza o equivalente a entre 25 e 50 anos de seu futuro consumo anual de energia: “Sempre que possível, vale mil vezes mais a pena reabilitar do que demolir. Em termos de emissão de gases de efeito estufa, não há a menor dúvida disso”. Na Escola Politécnica de Zurique, o professor Holger Wallbaum, que trabalha com construção sustentável, concorda: “Às vezes, destrói-se um prédio de apenas dez anos, sendo-se recompensado do ponto de vista contábil, por tabelas de amortização, deduções fiscais... Então se passa uma borracha na complexa organização criada para construir o prédio”.

Se a reabilitação de edifícios ainda não se tornou norma, é sem dúvida porque, desde sua formação, os arquitetos aprendem a valorizar o novo, achando que só por meio dele poderão se expressar. Trabalhar sobre o que já existe é apenas fazer a manutenção do trabalho de outro, o que pode frustrar alguns egos.

Em 2003, Karl Viridén renovou em Zurique, sob as normas passivas,1 um edifício de 1894. Com a escola politécnica da cidade, ele realizou um estudo sobre a energia incorporada dessa renovação. Todos os materiais entraram na análise; os dados estão disponíveis em quilowatts-hora por metro quadrado por ano (kWh/m2/ano) e toneladas. Uma destruição seguida de reconstrução sob as normas passivas teria gerado um consumo de energia (incorporada e operacional) de 112 kWh/m2/ano. Uma destruição-reconstrução convencional teria um impacto de 200 kWh/m2/ano. Já a renovação sob as normas passivas atinge apenas 82 kWh/m2/ano. Expressos em toneladas, os dados são ainda mais esclarecedores: o imóvel pesa cerca de 100 toneladas.

14 contra 160

Como a renovação foi bem planejada, as necessidades foram reduzidas ao mínimo. Uma tonelada de material foi reaproveitada no local (telhas, portas aplainadas e polidas...) e apenas 4% da massa do edifício (4 toneladas) foi demolida e removida. Foram produzidos 10% de material novo (10 toneladas), sobretudo para isolamento. No total, apenas 14 toneladas de mercadorias foram deslocadas. Em comparação, a construção de um novo edifício teria envolvido a eliminação de 100 toneladas do edifício, seguida da entrega da massa de todo um novo edifício, cerca de 60 toneladas – já que os materiais atuais costumam ser mais leves. Ao todo, a operação teria implicado o deslocamento de 160 toneladas. São 14 contra 160...

A escolha entre renovação e destruição costuma basear-se no destino do edifício. Em princípio, é delicado transformar um prédio de apartamentos, com muitos cômodos e estruturas de apoio, num prédio de escritórios com espaços abertos. O novo uso deve ser mais adequado à estrutura original. Além disso, uma renovação inteligente leva tempo: “Não se pode avaliar um edifício sem conhecê-lo bem”, explica Viridén; “são muitos fatores em jogo”. Assumindo mais a posição de um coordenador de equipe do que de um chefe que dá ordens, o arquiteto deve trabalhar de maneira colegiada, cercando-se de especialistas de estrutura, energia, para determinar os compromissos necessários, se é possível revalorizar o imóvel, remover parte dele etc.

Nos últimos anos, iniciativas originais floresceram em toda a Suíça. Baar, no cantão de Zug, é de longa data uma cidade de moinhos e silos. As altas estruturas de concreto dominam a cidade. No quadro de reestruturação produtiva suíça, o moinho Obermühle foi fechado em 2001. O que fazer com esses volumes obsoletos? Acima de tudo, não fazer tábula rasa do passado: renovados em 2010, os silos da Obermühle2 foram transformados em um edifício de onze andares com cerca de vinte apartamentos e uma dezena de escritórios.3 Tudo a um custo energético muito baixo.

1    Na Suíça, as “normas passivas”, também chamadas Minergie, exigem um consumo máximo de 30 kWh/m2/ano. Elas diferem das normas passivas alemãs, Passivhaus, que fixam um máximo de 15 kWh/m2/ano.
2    Disponível em: www.obermuehle-baar.ch.
3    Reabilitados sob as normas Minergie de renovação, eles consomem menos de 60 kWh/m2/ano em aquecimento, água quente e eletricidade. Ver também: www.minergie.ch.

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Fonte: https://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1190

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Quiere Esconder Su Alma Pero Se le Ve

não tentem dar zoom

Carta dos leitores por Caroline Valansi

http://www.carolinevalansi.com.br/2013-Carta-dos-Leitores

Só quem morre pode dizer.

Luz de serviço acesa. O público terminou de se acomodar no conforto das poltronas. O ator que interpreta o personagem que morre (primeiro) entra na área esférica que é o palco. Posiciona-se no centro do palco e mira os espectadores. Gira em seu próprio eixo para tentar passar os olhos por todos e todas. Depois ele estaca. E confessa ao público ali presente:

Quem trabalha com teatro sempre vai ouvir alguém dizer que por estar num palco como este, em formato esférico, será preciso dar conta de todos os olhos que o miram por todos os lados. Eu sei disso. Já me disseram. Mas eu não preciso mirar todos os olhos porque mesmo sem vê-los eu sei que vocês podem me ver. Eu sinto. E tudo isso eu apenas sei porque eu estou morto. Essa é a coisa mais linda de todas. A coisa mais linda que o trabalho com o teatro me permitiu; aprender a morrer. Eu estou morto agora, mas mesmo assim, estou aqui conversando com vocês. Isso não é necessariamente magia ou coisa incapaz de explicar: é só uma possibilidade. É um desejo e como todo desejo: isto aqui é só uma imagem. Morto, tal como eu estou, eu posso ver além das paredes. Ver o que está aí dentro, aqui dentro e através dos seus olhos, e dos seus, eu vejo através da sua pele e da sua dúvida também. Quando alguém morre, o corpo morto se desmancha em matéria e abraça o mundo inteiro, porém, não com braços nem mais com mãos, mas tão somente com abraço-partícula. Partícula que de tão pequena só pode morar no vento. Chamamos de vento esse abraço imenso que costura um mundo. Dar abraço-partícula é muito mais inteiro e aconchegante do que se poderia prever. Eu abraço vocês agora. Eu abraço esta cidade inteira. Eu abraço o nosso país e todas as coisas sem nome que ainda não tivemos condição de descobrir. Esta peça deseja abraçar muita coisa, tocar em muito assunto, em muito sentimento. Deseja acessar arrepios imensos, injustiças tornadas oficiais e sonhos interrompidos, intensos descontentamentos. Eu só estou morto para conseguir nos guiar por todos esses lugares, antes que eu venha a morrer. Por conta disso, eu sou alguém que narra a dor. Mortos, de verdade, a gente veria tudo isso mas não poderia contar a ninguém o que descobriu. Não poderíamos compartilhar a beleza que é morrer, que é ver por todos os lados a vida sem segredos. Por isso eu amo o meu trabalho. Porque quem morre - assim como eu morri - vira uma espécie de Deus. Um pássaro, por exemplo, ele é livre, mas preso dentro da prisão do ar. O nosso espírito, por sua vez, ele também é livre, mas é livre preso na prisão do corpo. Só que livre, bem livre mesmo, é somente quando se está morto. Como eu agora. Eu morri. E por ser alguém morto, eu não precisei mais me preocupar com tempo nem relógio, nem com casa propriedade chão nem teto, eu perdi todo e qualquer limite e passei a viver de novo enquanto acontecimento (que só não é eterno porque o tempo já nem me existe mais). Eu estou aqui com vocês, vocês me veem? Eu estou morto e só por isso posso contar a vocês a história de algumas vidas, como foi a minha, como ainda é a de vocês, como foram outras que já passaram por aqui e que ainda hoje sobrevivem acariciadas em morte. Acompanhem-me, por favor. Eu lhes peço. Tudo isso aqui é só um desejo. É só um desejo.

O ator se deita ao chão. Os refletores se acendem. Entram os outros atores e a peça começa (lá num instante daquele tempo ficcional em que ele - o personagem que vai morrer - já tinha morrido e fazia imensa falta aos outros).