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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

escrevendo com as mãos ---

eu não estou conseguindo escrever neste blog porque estou escrevendo muito, mas diretamente no meu caderno. assim, parece que as coisas não estão propriamente em movimento. é mentira. estão sim. num movimento tremendo, alucinado, porque tudo se perde e reencontra (num mesmo segundo).

assim, neste momento, os dilemas criativos (todos criativos, eu juro) dizem respeito à dramaturgia. existe um dilema existencial que dá centro ao drama todo. e este dilema é dessa professora. ao redor dela - mas junto, sempre junto, como fosse um mesmo corpo - os seus alunos. e juntos, eles, eles todos, eles e elas, juntos eles se encontram nesta cidade do rio de janeiro.

o dilema da professora é aquilo que dá início ao drama todo.

a consciência dela está rachada, já no início desta peça. está quebrada, partida, está em dúvida se aquilo que foi feito até agora era exatamente o que deveria ter sido feito. não. não era. ela deveria ter feito o contrário, ter feito diferente, ter feito com sinceridade extrema, com honestidade radical. mas não o fez (não importam os motivos) --- importa é que agora ela quer fazer direito, decentemente, custe o que custar.

e então começa o drama. o drama que almeja dar espaço e tempo a uma nova consciência. a destruição já é dada, já está entendida, assimilada. o que vem depois disso é que me interessa (por mais que eu não faça muito ideia de como proceder).

esta dramaturgia cênica me solicita inventar um mundo.

e eu precisarei ficcionalizar. porém, não ficção feito mentira, ficção feito possibilidade.

esta dramaturgia é mais romance que dramaturgia. porque em romance, eu consigo transitar entre forma e conteúdo mais livremente, eu vago, por dentro, por fora, por onde eu quiser. em romance, eu consigo ir no neurônio e na ação cotidiana do dia a dia. eu não preciso dar forma para dizer o que pretendo, eu apenas digo.

é isso.

um silêncio.

eu respiro, suspiro, morro de medo.

e percebo: estou faz meses tentando inventar uma mentira para capturar alguma vida.

agora, feito romance, eu percebo: minhas iras todas bailam furiosas querendo deitar em uma, duas, três, quarenta linhas. livres. flechas. possíveis.

um teatro do possível, por favor.

um teatro do possível, por favor.

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