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terça-feira, 30 de julho de 2013

descrição de concreto armado vi

MANY[festa]AÇÃO
(do movimento pessoal ao desdobramento coletivo)

“e quando / a noite baixa / sublime e irrefletida / não sei mais / prorrogar / a força que me aterra”

para explodir-se o maracanã, não é necessário o esquema todo de dinamites.
para gritar um nome na rua, não é preciso megafone.
para que a fina camada da reificação seja rompida, não é necessário que se tenha uma broca.
o espeto está bem aqui. as bocas ao redor. a pólvora é a primeira camada após a grama.

o conceito desta performance iniciou-se com a ideia de reificação. no dia do meu aniversário, o balão de festa é aquele que separa uma parcela de ar do todo que é igual, através de uma sensível película. o ar que o preenche só difere de todo o resto que nos circunda por um único motivo: ele é produto de uma transformação natural, pois sua matéria original é posta para dentro (involuntariamente e/ou prazerosamente) através de duas janelas externas para, depois de uma longa e vital trajetória interna, deixar no corpo o que é de sua natureza e oferecer sua resposta, ressignificada e única, a um novo espaço. este, por sua vez, ao entrar em contato com a matéria transformada pelo assoprador, se vê obrigado a transformar-se também. sai do murcho e concentrado para ganhar o amplo, o heterogêneo, corpo, nó, fio.

o balão é vivo, agora. mas sua natureza de plástico, por não conseguir entender seu lugar, sua origem, seu propósito, por ignorância, por equívoco, por ambição, por não mais identificar sua fonte de sopro, se vê num lugar exclusivo, diferente, privilegiado pela sombra da pele, pelo calor do plástico, pela nova imagem preenchida. ele começa a se usar disso. a se fazer autônomo. então, pode-se fazer virar uma bolha, que é muito diferente de um balão.

uma bolha é feita pelo jato rápido de um líquido num recipiente. o atrito forte do corpo em si mesmo gera espaços de respiração. para tamanha velocidade forçada, bruta, violenta, do líquido sobre o líquido, a natureza, sozinha, cria bolhas por conta dessa violência, dessa falta de respeito que foi forçada ao líquido ter sobre ele mesmo. as bolhas formam um coletivo que paira por cima do líquido, ainda borbulhando numa maré confusa, descuidada, sem foco e, ao mesmo tempo, algemada pelas bordas do recipiente duro pra onde foi direcionado o seu destino. entretanto, quando a maré se acalma, se estabiliza; já fica sem movimento e sem sugerir desdobramento, as bolhas se vão.

o efeito bolha faz com que os que assopram se confundam. eles perdem seu oxigênio transformador porque os balões que presenteiam com seu ar especialmente pessoal não são mais balões. essas pessoas, agora, acham que o que estão assoprando é apenas lixo que não lhes serve mais.

proponho que, no dia dois de agosto de dois mil e treze, possamos assoprar de novo. reviver o momento e o real significado do assopro. assim, depois de alguns necessários estouros, entendermos o ponto certo da resposta a ser dada ao balão. pode ser preciso, por agora, um barbante. pra depois, caso o balão nos devolva o oxigênio necessário, não será mais.

programação

11h45 – chegada da aniversariante e da equipe de organização
12h00 – início da festa
12h10 – entrega dos dentes de vampiro e chapeuzinhos aos presentes
12h20 – dança das cadeiras (com bambolê)
12h40 – estouro do super-balão lá vai bala
12h50 – hora do parabéns: entrega dos estalinhos e estouro da bomba de papeizinhos coloridos
13h00 – entrega dos presentes: estouro coletivo dos balões da reificação 
13h10/13h20 – desprodução e limpeza do local.

data: 2 de agosto de 2013
horário: 12h00
local: acesso principal ao estádio mário filho (maracanã) – praça do bellini, avenida maracanã.

adassa martins