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domingo, 24 de novembro de 2013

Resposta a CONCRETO ARMADO VI - MANY[festa]AÇÃO

Ada ---

Minhas respostas estão virando colocações teóricas, mas juro, nasce tudo de algum arrepio que se conserva, desde o dia em que estivemos reunido em torno do estádio Mário Filho, o Maracanã. Creio, em primeiro lugar, que a sua ação performática anulou a noção que eu tinha de performance. Eu vou tentar me explicar:

ao invés de acontecimento estético, ao invés de um programa sendo seguido - por mais que tivesse sido planejado, não foi cumprido - houve uma tensão constante, como se fosse uma dramaturgia de linha, pequena, correndo o risco de sumir e nunca mais voltar. UM FINA TENSÃO, TAL QUAL FIO QUE PRENDE O BALÃO DE GÁS.

Depois, a presença da sua família, tornando mais real o que eu sabia que se pretendia não ser. Não se pretendia ser real? É onde me engano. Sua ação misturou as coisas e apaziguou tremores. Ao mesmo tempo, é estranho, estava tudo lá, na iminência. Eu fico, hoje, pensando em poética negativa, nessa ação de dizer uma coisa fazendo-a por meio de outra forma (não prevista).

Nós limpamos o coreto e fomos embora. Mas a coisa continuou presente em mim, sob forma de estranhamento. Eu não escrevo para validar, dar parabéns, dizer se gosto ou não gosto. Eu escrevo para estender até você (até vocês), a minha resposta mais sincera ao que foi compartilhado ali.

Acho inesquecível:
Estes dois trabalhadores enjaulados no Maracanã e você passando pelas grades doce da festa para eles.


Acho possível:
Fazer da cidade um pequeno set de gravação de si mesma, no qual se forjam outras realidades.


Por fim, o que encontrei: uma fina tensão guardada com afeta numa inocência qualquer.
Esta sua ação é modelo exato daquilo que seria propulsor de uma tragédia como a nossa.

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